sábado, 14 de agosto de 2010

O problema de ser desastrada.



Sempre fui desastrada. Desde pequena, tive apelidos como “faz merdinha” e “estabanada”. Como todo desastrado, meus pais ficavam com medo de bibelôs quando visitávamos alguma casa, meu copo era sempre de plástico ou metal e o prato, de duralex. Vivia machucada, já era coisa mais comum do mundo chegarm no colégio roxa e/ou enfaixada.

Claro, os amigos de um desastrado logo o reconhecem : derrubam coisas ao entrar em lugares, não podem entrar em lojas de produtos quebráveis ( lojas de vidrarias e bibelôs). Creio que um desastrado que faz uma faculdade biomédica, é do pior tipo. Por que a Lei de Murphy é potencializada no desastrado, e você consegue imaginar o tipo de aulas práticas que ‘pedem’ pra virar um acidente ?

Logo no meu primeiro período na Rural, na aula de anatomia, já coloquei as minhas manguinhas estabanadas de fora, acidentalmente atingindo uma colega de turma com um metacarpo de cavalo. Ela nunca mais foi tão simpática comigo. Já derramei ácido
em bancadas, já quase quebrei inúmeras vidrarias, quando eu tinha um objeto cortante nas mãos ( a.k.a bisturi, magarefe, agulhas). Graças a deus nunca matei nem machuquei bicho nenhum, mas em estágio já quebrei frasco de antibiótico caro e algumas ampolagens.

Depois que comecei a trabalhar, meu ‘desastramento’ melhorou um pouco, porém permaneceu adormecido, para das as caras de tempos tempos. Estava eu no plantão, marasmo total, quando 11 e meia da noite chega uma cadelinha em trabalho de parto. Calmamente, monto o soro, separo todos os materiais pra por o animal na fluido : cateter, garrote, esparadrapo, algodão com álcool. Pego uma gilete e prendo em uma pinça hemostática ( nota: giletes são objetos extremamente cortantes, NÃO DÊ BOBEIRA) e começo a fazer a tricotomia da pata da cadela. Pronto, ótimo, agora vou só até ali guardar a gilete e... ops! Tropecei no porta soro, me desequilibrei e bati a pinça na mão direita. Sangue jorrando, dono de cacho
rro entrando em crise. Calma, sem pânico. Vamos só tampar isso com um bolo de gase, é, será necessário mais gase. Encaminhemos a cadela a outro veterinário e sim vamos ao pronto socorro.

Resultado da brincadeirinha ?



Oito pontos mal dados. O médico não sabia infiltrar anestesia ( usou 10 ml de lidocaína!) não sabia suturar ( entre um mix de nylon 2-0 e 3-0, foram utilizados incríveis 4 pacotes de fio!) e as bordas da lesão mastigadas por uma dente de rato. Ahhh, e Tramal é água de salsicha!

Depois conto como eu me tornei a única pessoa na academia a cair no trampolim e torcer o pé na aula de jump....






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